Passaram-se mais de
vinte anos, desde o seu primeiro contato com o trabalho desse artista que
nasceu potiguar, cresceu paraense e se consagrou em estúdios e festivais
populares da região tocantina, quando residia em Imperatriz (MA). À época, ele
havia sido selecionado por uma renomada editora, com a canção Sunseed, para um
disco em homenagem a Raul Seixas. Mas os responsáveis nunca finalizaram o
produto.
Suas canções que hoje
são executadas em rádios do Nordeste e do Centro-Sul do país, eu acompanhei no
berçário, quando as palavras ainda se articulavam em versos e os primeiros
acordes surgiam. Além da voz agradável e da boa extensão vocal, ele também se
destaca como compositor, utilizando uma paleta bastante rica. Capaz de colorir
sonhos e fantasias, amenizando os tons macabros das desgraças nossas de cada
dia, ampliando com muita beleza a paisagem sonora.
Que ele é apaixonado
por Gonzagão, Dylan, Beatles, entre tantos, não é nenhuma novidade. A novidade
mesmo é pintar uma tela musical com essas referências fluindo de forma tão
equilibrada e elegante. PassoPreto ou Blues e Aboios traz, num valoroso
emaranhado, sob o olhar folk, o rock, o blues, o baião, o aboio, o xote e
sutilezas caribenhas. E o disco segue surpreendendo até a décima-segunda
canção.
O disco termina com
Chuva Tardia, e é impossível ouvi-la sem me lembrar de Exupéry e de Zé Gomes
Sobrinho, influências tanto para Nando, como para mim. "Ele canta como
quem alcançou o céu, e desligou para ver as estrelas caindo. (...) Chuva tardia
encerra o sol... Seus dedos violam o silêncio com um prazer de virgens,
enquanto puxam num cordel os invisíveis; seu povo e mais mil almas".
Nando Cruz está
preparando o seu terceiro disco e, entre outras coisas, trabalhando na
pré-produção de um DVD. Atualmente o artista é diretor de Cultura da cidade de
Miranorte (TO).
Fonte: Conexão Tocantins
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